Minicursos

1. Ensino de História e cinema: diálogos (im)possíveis: Prof. Dr. Giovani José da Silva – UNIFAP / UnB | contato: giovanijsilva@hotmail.com

Ementa: 1. História e Cinema: a incorporação de diferentes fontes e linguagens no Ensino de História; 2. Como usar o cinema na sala de aula; 3. (Im)possibilidades de diálogo entre História e Cinema

Objetivo:
O minicurso tem por objetivo geral apresentar aos interessados uma proposta de utilização do cinema nas aulas de História, problematizando especialmente o uso do cinema comercial (ficção ou documentário) no ambiente escolar. A problematização se fará discutindo-se a relação do cinema com a escola, além de procedimentos e estratégias de usos do cinema na sala de aula. Apesar das particularidades e especificidades de cada área – dos filmes e do conhecimento histórico – ressalta-se que ambas são construções sociais carregadas de significados. Compreender como os filmes e o conhecimento histórico são produzidos, com divergências e similitudes, implica em desenvolver a percepção para se entender, por exemplo, como histórias são elaboradas em narrativas fílmicas.

Justificativa:
Entendendo, como afirmam Marcos Silva e Alcides Freire Ramos, que “todo filme sempre ensina algo” justifica-se o oferecimento do minicurso pensando na importância dos recursos audiovisuais como materiais inerentes à educação permanente. Assim, os filmes no Ensino de História constituem um rico arsenal de conhecimento e de possibilidades de ensino e aprendizagem. Esta relação, no entanto, também é permeada pelas impossibilidades de reconstrução histórica do passado e pela ideia de que mesmo “baseado em fatos reais” ou sendo um “documentário”, todo material fílmico é ficção. A análise da utilização de audiovisuais em salas de aula no Brasil (e no Amapá não é diferente) leva a uma percepção de empobrecimento no uso de tais recursos, sem uma devida reflexão sobre a fruição estética do Cinema, bem como a falta de otimização do processo ensino-aprendizagem que se vale de tais recursos.


Bibliografia:
ABUD, Kátia Maria; SILVA, André Chaves de Melo; ALVES, Ronaldo Cardoso. Ensino de História. São Paulo: Cengage Learning, 2010. 177 p.
FERRO, Marc. Cinema e História. Tradução Flavia Nascimento. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992. 143 p.
FONSECA, Selva Guimarães. Didática e prática de Ensino de História: experiências, reflexões e aprendizados. Campinas: Papirus, 2003. 255 p. 
NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2009. 249 p.
SILVA, Marcos; RAMOS, Alcides Freire (Orgs.). Ver história: o ensino vai aos filmes. São Paulo: Hucitec, 2011. 344 p.


2. História e Psicanálise: contribuições entre dois campos que analisam o passado: Profa. Msa. Danieli Machado Bezerra | contato: danielymb@gmail.com

O presente minicurso tem como objetivo elaborar uma interface teórica entre os dois campos de conhecimento, a Psicanálise e a História.  A Psicanálise está voltada para as produções do inconsciente, para o que emerge de nonsense no ato do discurso e assim desenvolvida, ela se distancia daquilo que os historiadores não podem abrir mão: de dar sentido à palavra e à ação dos homens. (LAVIERI: 1996:58) Todavia, aprendemos com Freud e com Lacan que não há como omitir que em todo ato e todo discurso está implicado o sujeito que os excede: o sujeito do inconsciente. 

JUSTIFICATIVA
O inconsciente para a teoria freudiana é o domínio pelo qual é amparado aquilo que em nossa consciência foi esquecido (recalcado) e que vem à tona em sonhos, atos falhos e outros. Nessa proposta de minicurso questionamos o modo particular do discurso desse sujeito da Psicanálise em uma relação com a produção discursiva presente na História. Lacan afirma, no Discurso de Roma, que tudo aquilo no qual o sujeito aprende a reconhecer como sendo seu inconsciente, torna-se História. E aponta alguns aspectos da História situando-os como parâmetros para a Psicanálise. Lavieri elucida: 
O que é apontado no discurso do historiador de valor para a psicanálise é que o historiador revela a história enquanto uma atualização subjetiva do passado no presente. (LAVIERI: 1996:60) Lacan chama a atenção para o aspecto de que a historia não obedece a uma linearidade temporal, cronológica, a algo que se tecesse numa linha evolutiva. Ela se tece num movimento retroativo: é a atualidade subjetiva do historiador que decide sobre o evento passado, constituindo-o como tal. (LAVIERI: 19961:20).
Lacan realça no discurso da história o aspecto efetivo e subjetivo do passado. Se ele elege o historiador para abordar essa questão é através da clareza da subjetividade do seu ato e pela semelhança com o discurso que o analista encontra em seus pacientes. Tal qual o historiador, os pacientes em análise operam uma reconstrução do passado no presente. 

1 OBJETIVOS
Introduzir uma discussão sobre a interface teórica entre os dois campos supracitados;
Apresentar os quatro conceitos fundamentais da psicanálise: repetição, inconsciente, transferência e pulsão; 
Mostrar a importância dos pensamentos de Freud e de Lacan para uma contribuição aos estudos da Teoria da História.

BIBLIOGRAFIA

CERTEAU, Michel de. História e Psicanálise: entre ciência e ficção. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2011.
¬¬¬__________________. A Escrita da História. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982.
FREUD, Sigmund.Sobre um caso de paranoia descrito autobiográficamente, trabalhos sobre técnica psicoanalítica y otras obras. Obras Completas de Sigmund Freud. Buenos Ayres: Amorrortu Editores, 1976. v. XII.
______________. Más alládel principio de placer, psicología de lasmasas y análysisdelyo y otras obras. Obras Completas de Sigmund Freud. Buenos Ayres: Amorrortu Editores, 1976. v. XVIII. 
_____________. De La historia de uma neurosis infantil (elhombre de los lobos) y otras obras. Obras Completas de Sigmund Freud. Buenos Ayres: Amorrortu Editores, 1976. v. XVII.
GÓES, Clara de. História e Psicanálise: a construção da realidade. Rio de Janeiro: Garamond, 2012.
HOFFMAN, E. T. A. O homem da Areia. Rio de Janeiro: Imago, 1993.  
KOSELLECK, Reinhart. Futuro Passado: contribuições à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto, 2006.
____________________. O Conceito de História. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2013.
LACAN, Jacques. O Seminário livro 11: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998. 

_____________. O Seminário livro 1: Os Escritos Técnicos de Freud. Rio de janeiro: Jorge Zahar Editor, 2010.

_____________. O seminário livro 8: A transferência. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1992.

_____________. Escritos, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1966.

LAVIERI, Maria Beatriz Ferreira. Discurso histórico: esquecido que se lembra, memória que se esquece. Revista Saeculum II, Jul/Dez, 1996. 

3. Ensino de História Antiga na Educação Básica: diagnóstico, limites e possibilidades: Prof. Dr. José Petrúcio de Farias Júnior (UNIFAP) | contato: petruciojr@terra.com.br

Pretende-se pensar o ensino de História Antiga na Educação Básica a partir de três âmbitos de reflexão: primeiro, discorreremos sobre as formas históricas dos conteúdos de História Antiga presentes nos livros didáticos do ensino médio e nos sites brasileiros que veiculam conteúdos sobre a Antiguidade; segundo, problematizaremos práticas de ensino que incentivam o uso de fontes escritas e iconográficas nas aulas de História Antiga e, por fim, discutiremos metodologias de ensino que contemplam o uso de filmes ou gêneros televisivos em sala de aula. De maneira geral, ambicionamos refletir sobre a maneira como os livros didáticos do ensino médio, aprovados pelo PNLD/2012, abordam as chamadas civilizações antigas, o que envolve um trabalho de seleção, por parte dos autores de livros didáticos, quanto aos sujeitos e acontecimentos históricos priorizados bem como às civilizações que eles elegeram como objeto de estudo nestes manuais. Trata-se de um diagnóstico útil à compreensão dos limites e possibilidades do ensino das civilizações antigas nos anos finais da Educação Básica.

Justificativa
Diante das propostas de renovação do ensino de História nos últimos 20 anos, torna-se urgente repensar o lugar dos conteúdos de História Antiga nos currículos da Educação Básica. Ao tomar como referência o ensino de História Antiga na Educação Básica, pretendemos inicialmente apresentar uma visão panorâmica das formas históricas do ensino de História Antiga nos livros didáticos com a finalidade de demarcar as especificidades do saber histórico escolar e sua estreita relação com as políticas educacionais, mais precisamente, com os currículos de História produzidos pelos estados brasileiros entre 2007 e 2012. No transcorrer do minicurso, procuraremos responder às seguintes questões: as recentes produções acadêmicas são incorporadas aos currículos de história na Educação Básica? Se isso ocorre, de que forma ela é realizada? Como a História Antiga é contemplada em termos de procedimentos teóricos, metodológicos e qual a sua função nos referidos currículos? Adicionado a isso, pensaremos em práticas de ensino que se distanciem da concepção de História tradicional. Para isso, utilizaremos como aporte teórico-metodológico as diretrizes historiográficas da Nova História Cultural.

Objetivos
- contrastar abordagens sobre a História Antiga nos livros didáticos, a qual tem sido marcada, no âmbito da Educação Básica, por narrativas lacunares, fragmentadas e de cunho marcadamente político-econômico;
- pensar sobre o papel dos conteúdos de História Antiga nas propostas curriculares;
- observar, de maneira crítica, os recursos didáticos à disposição do professor para o ensino de História Antiga na educação básica;
- refletir sobre práticas de ensino que incentivem a produção do conhecimento histórico escolar.

Bibliografia
BITTENCOURT, C. Propostas curriculares de História: continuidades e transformações. In: BARRETO, Elba Siqueira de Sá (Org.). Os currículos do ensino fundamental para as escolas brasileiras. 2. ed. Campinas: Autores Associados, 2000. (Coleção Formação de Professores)
_________________. Livros didáticos entre textos e imagens. In: BITTENCOURT, C (Org.). O saber histórico na sala de aula. SP: Contexto, 2010.
CAMPOS, L de. LANGER, J. A História Antiga e Medieval nos livros didáticos: uma avaliação geral. Disponível em: http://www.historiaehistoria.com.br/materia.cfm?tb=newsletter&ID=78.
CARVALHO, M. M. de, FUNARI, P. P. A. Os avanços da História Antiga no Brasil: algumas ponderações, História, São Paulo, v. 26, n.01, 2007, p. 14-19.
CARVALHO, M. M. de. Atividades de Formação e Produção Científica em História Antiga. Hélade, 2001, p. 37-41. Disponível em:
http://www.heladeweb.net/Numero%20Especial/Margarida_Maria_CarvalhoNE.htm.
CUSTODIO, C. T. Por outra história da Grécia Antiga nas salas de aula. MAE/USP: LABECA, 2010.
FAVERSANI, F. A História Antiga nos Cursos de Graduação em História no Brasil. Hélade, 2001, p. 44-50. Disponível em:
http://www.heladeweb.net/Numero%20Especial/Fabio_FaversaniNE1.htm.
FUNARI, P. P. A. História Antiga: a renovação da História Antiga. In: Karnal, L. (Org.) História na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2008. p. 95-108
_________, P. P. A., SILVA, G. J. da. Os avanços da História Antiga no Brasil. In: _______. História Antiga: contribuições brasileiras. São Paulo: Annablume, 2008. p. 07-09.
________. Antiguidade Clássica: a história e a cultura a partir dos documentos. Campinas: Editora da Unicamp.
________. A importância de uma abordagem crítica da História Antiga nos livros escolares. Hélade, Número Especial, Rio de Janeiro, vol. 02, 2001, p. 25-29. Disponível no site http://www.heladeweb.net/Portugues/indexportugues.htm.
_________. A situação da pesquisa em História Geral no Brasil: a pesquisa em História Antiga. Anais da XI Reunião da Sociedade Brasileira de Pesquisa Histórica, Porto Alegre, SBPH, 11-12, 1991, p. 11-12.
_________. A importância de uma abordagem crítica da História Antiga nos livros didáticos escolares. Hélade, 2001, p. 25-29. Disponível em:
http://www.heladeweb.net/Numero%20Especial/Pedro_Paulo_FunariNE.htm.
GONÇALVES, A. T. Os conteúdos de História Antiga nos Livros Didáticos Brasileiros. Hélade, 2001, p. 3-10. Disponível em:
http://www.heladeweb.net/Numero%20Especial/Ana_Teresa_Gon%C3%A7alvesNE.htm.
GUARINELLO, N. L. Uma morfologia da História: as formas da História Antiga. Politeia: História e Sociedade, Vitoria da Conquista, v.3, n. 1, 2003, p.41-61.
ROSSI, A. D. O. C. RODRIGUES, L. L. C. Elaboração de material didático para o ensino de História Antiga. Disponível em:
www.unesp.br/prograd/PDFNE2004/.../elaboracaodematerial.pdf.
SILVA, Glaydson José. História Antiga e usos do passado: um estudo de apropriações da Antiguidade sob o regime de Vichy (1940-1944). SP: Annablume, 2007. (História e Arqueologia em Movimento)
___________________. Os avanços da História Antiga no Brasil. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História, ANPUH, São Paulo, julho 2011.
SILVA, G. J. da. Doutorado Sanduiche e qualificação acadêmica em História Antiga. Historia e Historia, 2004. Disponível em http://www.historiaehistoria.com.br/materia.cfm?tb=perspectivas&id=6.
SILVA, G. V. da. História Antiga e livro didático: uma parceria nem sempre harmoniosa. Anais Eletrônicos do III Encontro da ANPUH-ES. (Des)Caminhos da Colonização. Vitória, 2001. Disponível no site http://www.anpuhes.hpg.ig.com.br/listaanais3.htm.
SILVA, Tomaz Tadeu da (Org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. RJ: Vozes, 2008.

4. História do Pensamento Social Brasileiro: debatendo a miscigenação na obra Casa-Grande & Senzala de Gilberto Freire: Prof. ª Ms.  Irislane Pereira de Moraes (Unifap) e Ms. Joseline Simone Barreto Trindade (PPGA-UFPA-UNIFESSPA) | contato: irismoraes@unifap.br

Objetivos: 
Debater sobre a interdisciplinaridade teórico-metodológica nos estudos do Pensamento Social Brasileiro: a interface entre a História e a Antropologia;
Demonstrar a influência do Pensamento Social Brasileiro para construção ideia de Nação;
Discutir sobre a temática da miscigenação com foco na obra Casa Grande e Senzala. 
Ementa:
1- Pensamento Social Brasileiro: uma abordagem teórico-metodológica;
2- História do Pensamento Social Brasileiro: a Literatura, o Estado e as Ciências Sociais;
3- Casa-Grande & Senzala: rediscutindo a mestiçagem no Brasil (Mostra Documentário o “Povo Brasileiro” de Darcy Ribeiro).
Justificativa
O Pensamento Social Brasileiro tem como objetivo compreender quais as idéias que foram produzidas sobre Nação, como foram elaboradas, em que contexto intelectual e institucional ocorreram, como circulam e são recebidas na contemporaneidade. Nesse contexto, a problemática central do minicurso é a compreensão do Brasil a partir da sua formação histórica, cultural, social e política, focando questões que envolvem o Negro como sujeito histórico e os dilemas da miscigenação na formação do Brasil, conforme o pensamento de Gilberto Freire. 
Nesse debate, além de demonstrarmos uma visão panorâmica sobre o tema da miscigenação no Pensamento Social Brasileiro, daremos ênfase à obra Casa Grande e Senzala (Freire 2006) por ser um marco no debate que se inicia no Brasil a partir da década de 1930, onde se questiona as teorias racistas do final do século XIX.   
Referencias Bibliográficas
FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala: Formação da Família brasileira sob o regime da economia patriarcal. 51º ed.São Paulo: Global, 2006.
MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a Mestiçagem no Brasil: Identidade Nacional Versus Identidade Negra. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.
Leitura complementar:
SCHWARCZ, Lilia Moritz. Uma história de “diferenças e desigualdades”. In O Espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993 p.57-62.